O ano é 1999, e o mundo da sétima arte está prestes a conhecer algo até então inédito, chamado "Matrix". De várias maneiras "Matrix" se torna um fenômeno da cultura pop, e revoluciona a formar de ver e fazer cinema; desde de seu roteiro filosófico para os olhos mais apurados, quanto nos efeitos visuais e técnicas de filmagem como a Bullet Time. Não é fácil falar de "Matrix", mas sem dúvidas é revelador e divertido, por isso a Misto vem preparar você para seu quarto filme (Matrix: Resurrections), destrinchando e mergulhando neste universo. 

Matrix Resurrections | Trailer Oficial Dublado

Antes de tudo vamos conceituar "Matrix" e entender suas inspirações. O roteiro do filme parte de um conceito filosófico popularizado no pensamento de René Descartes (1596-1650), que inaugura a filosofia moderna imortalizada pela frase "Penso, logo existo". Para Descartes seus sentidos poderiam ser falhos, logo ele passa a duvidar de toda a realidade que ele reconhece através de seus sentidos, como visão, tato, olfato, etc. 

Com isso, Descartes chega a uma conclusão, ou melhor dizendo, uma verdade indubitável, a verdade de que ele duvida. Pode-se entender a frase dele então como 'pensar' sendo quase um sinônimo de 'duvidar'. "Matrix" traz essa percepção de mundo quando Thomas Anderson (Keanu Reeves), ainda sem ter conhecimento da Matrix, se pergunta se a realidade em que ele vive é realmente uma verdade. Na animação "Era Uma Vez Um Garoto", que conta a história de Popper (Clayton Watson), ele se faz a mesma pergunta.

É essa ânsia de dúvida sobre a realidade existente em Neo e Popper que o fazem "livres", e o no caso de Neo até o torna capaz de manipular a 'Matrix'. Trazendo para a filosofia mais uma vez, é como sair da Caverna de Platão, e se livrar das amarras da ignorância. Não entendendo isso como algo feliz ou gratificante, tanto que Cypher (Joe Pantoliano), escolhe fazer um acordo com as máquinas para voltar à "Matrix", ou seja, à "ignorância", em busca de sua felicidade.

Durante o primeiro longa outra referência clara para os amantes de filosofia é quando Neo se encontra com a Oráculo (Gloria Foster), e ela mostra a famosa frase de Sócrates (470 a.e.c. - 399 a.e.c.), "conhece-te a ti mesmo", para Neo. Essa frase tem relação com o protagonista se identificar como o escolhido, conhecer a si e do que ele é capaz de fazer. 

Outra inspiração óbvia para o filme, vindo da literatura, é "Alice No País das Maravilhas" (1865), que é pontuando em diversos momentos, principalmente quando Morpheus oferece as pílulas, como quando Neo aceita em ir à festa por causa da tatuagem de coelho, e lá conhece Trinity (Carrie-Anne Moss). No trailer de "Matrix 4" existem várias referências ao livro de Lewis Carroll (1832-1898).

Neo, como protagonista, nos dois primeiros atos do filme, apresenta muito daquilo que ficou conhecido como 'A Jornada do Herói', desenvolvido por Joseph Campbell (1904-1987). Desde a escolha do nome Neo, até suas vestimentas, apresentam muito do arquétipo do herói e uma figura que beira o messiânico. Seu nome significa "novo" e é anagrama pra "one", que no português pode ser traduzido como "o escolhido".

Uma questão interessantíssima que vale a pena analisar é lembrar o contexto em que 'Matrix' foi aos cinemas. Em 1999 o mundo estava prestes a fechar mais um milênio, e se falava em teorias da conspiração de fim do mundo ou, como ficou conhecido, 'O Bug do Milênio'. 

O bug do milênio era um medo real da população, pois se acreditava que depois de 1999 os computadores iriam passar para 1900, ou 19100, ou até mesmo que fossem zerar. E acreditem se quiserem, mas o mundo chegou a investir cerca de 300 bilhões de dólares em medidas preventivas. De fato em alguns locais do mundo houveram realmente panes em determinados sistemas e sites, mas nenhum avião chegou a cair por causa disso, como chegou a ser cogitado.

E é nesse contexto conspiratório e na crescente utilização de internet nos EUA com a banda larga que "Matrix" chega aos cinemas. O primeiro longa fez uma bilheteria de 465,3 milhões de dólares, grande marco para época, e seu sucessor, "Matrix: Reloaded" (2003), fez 739,4 milhões, mesmo não tendo caído tanto nas graças dos fãs. "Matrix: Revolution" (2003) ficou em 427,3 milhões.

As irmãs Lana e Lily Wachowski, diretoras de "Matrix", também se preocuparam em fazer bom uso de crossmedia para expandir seu universo e situar de forma mais eficiente todo o conceito da obra, no total são nove animações curta metragem ("Animatrix"), o jogo "Enter The Matrix" e os quatro filmes. As animações são todas muito boas e remontam melhor, inclusive, a ascensão das máquinas em "O Segundo Renascer - Parte I e II", que por vezes faz com que o espectador tenha uma certa "simpatia" com os antagonistas, e explica a raiva deles contra os humanos, e lembra muito o game "Detroit: Became Human" (2018).

Outras duas animações muito relevantes são: "Era Uma Vez Um Garoto", que como dito conta a história de Popper e como ele se livrou da 'Matrix', e "O Voo Final de Osíris", que conta como a resistência descobriu os planos das máquinas para invadir a cidade de 'Zion'; plot que permeia os dois últimos longas já lançados.      

"Matrix" além de possuir todas essas camadas narrativas complexas, ainda presentei o mundo do cinema com atributos técnicos e estéticos que virariam referência. Uma delas é a Bullet Time, que apesar de usada mais de uma vez no longa, chocou positivamente o público na sequência em que Neo desvia de tiros: 

Dodge this (slo-mo, bullet time) | The Matrix [Open Matte]

A técnica consiste em dezenas de câmera que captam um mesmo objeto em diferentes ângulos, o tempo é ultra reduzido para que se aprecie os detalhes, movimentos e intensidade da cena, enquanto o ângulo vai mudando. Essa técnica não foi nenhuma invenção de "Matrix", mas foi quando ela foi efetivamente difundida. A novidade em si é que geralmente o objeto de gravação está parado, mas nesse caso ele está em movimento. 

No quesito coreografia "Matrix" também chamou muita atenção. Na época Yung Woo-Ping foi o escalado para coreografar as lutas que simplesmente foram um sucesso. Não só as lutas foram um sucesso e também o figurino do elenco chamou muita atenção na época, e veio a influenciar futuramente "Anjos da Noite" e toda a franquia "X-Men" da Fox. 

A paleta de cores, combinando azul e verde quase sempre dessaturado se distinguindo das ficções vigentes da época como "Star Wars" e "Blade Runner", e também veio a impactar futuramente em longas de grande sucesso como "A Guerra Dos Mundos" e "A Chegada".  

De várias formas a criação das irmãs Wachowski influenciou e ainda influência não só o cinema, mas vários seguimentos artísticos, seja por sua parte técnica, ou provocando reflexões, teorias e debates sobre os conceitos aos quais "Matrix" se constrói.  

Entenda a trajetória de Neo e o universo que cerca 'Matrix' 

Matrix | Do fenômeno de 1999 a um dos filmes mais esperados de 2021

'What If...?' já está em seu sexto episódio, e agora traz uma temática mais política e séria, explorando sobretudo Killmonger, Tony Stark e Wakanda. A história se passa no começo dos eventos de 'Homem de Ferro', mas com a diferença que Tony é salvo por Killmonger, e nunca chega as vias de fato de se tornar um herói. 

Com isso, Tony, junto com seu mais novo "amigo", passam a desenvolver armas robóticas utilizando como fonte de energia o vibranium. Mas, na verdade, as intenções de Killmonger não são amigáveis, e colocam as duas maiores potências do mundo em pé de guerra; Estados Unidos e Wakanda.

O episódio se leva bem a sério e todas as suas pontas são bem amarradas. Lembra bastante o tom do terceiro episódio, e o que desperta um pouco a atenção é que a S.H.I.E.L.D acaba não se envolvendo na trama, o que nas circunstâncias que ela se coloca, faz pouco sentindo. 

A Marvel remonta muito bem aquele Stark irônico, mas ainda assim, um gênio. Sua morte no meio do episódio pode soar contraditório com essa genialidade, porém faz sentido se considerado seu excesso de confiança. Outros personagens presentes e relevantes são o Pantera Negra, a Pepper, Shuri, James (Máquina de Combate) e Ulysses Klaw. 

A história se desenrola muito fluidamente, e mostra, nesse sentindo, um amadurecimento da série se comparado com o primeiro episódio, no qual as coisas pareciam meio picotadas. O plano de Killmonger é bem contundente e cheio de reviravoltas empolgantes. 

O gancho do final é muito bom, e sua mensagem é forte, pertinente, e mais otimista que as últimas. 

No geral, a Marvel tem criado ótimas histórias derivadas de seu universo principal, sendo esse um dos melhores ao lado terceiro e do quinto, e nós só temos a agradecer pelo o que fez Loki ao multiverso. 

Acompanhe os acontecimentos dos sexto episódio de 'What If...?'

What If...?| Killmonger e Tony Stark conduzem um dos melhores episódios da série

Se você está acompanhando "What If...?" sabe que muita coisa já foi revisitada e escrita com novos olhares. Mas será que até agora, entre esse primeiro e quinto episódio, toda a nova roupagem foi realmente boa? Vamos para algumas considerações desses episódios.

E Se... a Capitã Carter fosse a primeira Vingadora? 

No primeiro episódio de "What If...?" a Marvel entrega uma releitura direta de 'Capitão América: O Primeiro Vingador', com a mudança na qual quem toma o soro do super soldado é a agente Carter, e não Rogers. É um primeiro episódio mais pé no são, mais contido, e que já mostra as muitas possibilidades com que o MCU pode trabalhar. 

Em alguns momentos o episódio parece meio corrido, e o que ameniza isso é o fato dos personagens já serem bem conhecidos do publico. Apesar de não apresentar nada incrível, já pode cativar um bastante gente pela ideia de mudar eventos passados da cronologia dos heróis. 

E Se... T`Challa se tornasse o Senhor das Estrelas? 

O segundo episódio já começa a trazer maiores mudanças e derivações do que poderia acontecer. Aqui temos T'Challa como Senhor das Estrelas, e até Thanos como um dos mocinhos. A diferença é que existe um ar mais cômico se comparado com o primeiro episódio e até com os demais que se seguiram, que combina com os personagens, mas se afasta um pouco da seriedade que T'Challa costumava aparentar. 

Porém, no geral, a história funciona muito bem e traz até personagens como Howard, O Pato, que reforça esse tom mais leve que cercam os acontecimentos.

E Se... O mundo perdesse seus heróis mais poderosos?

Esse é um belíssimo episódio que trabalha com um ambiente bem investigativo, se passando durante os eventos de 'Homem de Ferro 2', 'O Incrível Hulk' e 'Thor', e se dando a liberdade de juntar vários outros elementos. O episódio se debruça sobre Nick Fury e Viúva Negra que estão atrás de um misterioso assassino que vem eliminando os futuros Vingadores. 

Existe um real clima de tensão e a reviravolta é bem bacana, de fato um episódio inteligente e que se destaca entre os melhores. 

E Se... O Doutor Estranho perdesse o seu amor e não o controle das mãos?

Com Doutor Estranho a Marvel aproveita para brincar com a joia do tempo explorando o ego e psicológico de Stranger. Fala-se muito sobre os limites da magia, e o como a linha do temporal e multiverso funcionam. 

Ele se limita um pouco mais aos elementos específicos de Doutor Estranho, mas em contra ponto faz o Vigia interagir com um outro personagem pela primeira vez. É um episódio muito competente, funcional e ajuda a situar ainda mais o espectador nos nuances do multiverso e do tempo.

Finalmente um feito já clássico nas HQs tanto na Marvel quando na DC, de transformarem seus heróis em Zombies agora para uma série. Na HQ 'Marvel Zombies' a Marvel não é tão feliz assim, mas nas telas ela manda bem. Temos nesse episódio o que é simplesmente uma das melhores adaptações do Homem-Aranha, mas como nada é perfeito, é apresentado um Scott Lang muito chato e cansativo como alívio cômico. 

Apesar disso, outros personagens tem destaque positivo como Hope e Bruce Banner, fazendo desse um dos melhores episódios junto ao terceiro, superando muitas das expectativas.  

Confira os pontos fortes e fracos dos cinco primeiros episódios de 'What If...?'

What If...? | O que dizer dos cinco primeiros episódios? 

'O Túmulo do Batman' escrito pelo renomado Warren Ellis (Autorithy,Transmetropolitan) e desenhado pelo também renomado Bryan Hitch (Capitão América, LJA), é uma minissérie do Batman em 12 edições sem amarras cronológicas, que aposta no lado detetivesco do personagem, ação e uma boa dose investigativa.

Numa noite caótica para o DPGC, Batman vai analisar uma cena de crime, e, o que parecia só um caso isolado e aparentemente sem tanta importância, acaba se desenrolando numa grande conspiração contra as instituições judiciárias e policiais de Gotham. 

O roteiro parece simples, mas estão agregados nele muitos personagens e uma cadeia de causa e efeito rica e complexa, tornando as circunstâncias mais críveis e interessantes. Somado à isso está um dos pontos mais altos da HQ, que são os momentos de análise de cena de crime, a expertise do Batman para resolve-lós e suas técnicas mentais para desvendá-los.

Ellis se preocupa também em mostrar um pouco mais os bastidores de Bruce na Bat-caverna, onde desenvolve a relação do vigilante com Alfred em diálogos extremamente inteligentes, emotivos e com uma capacidade de aprofundamento do laço afetivo entre os dois muito poderosa. 

Alfred funciona muito bem como um alívio cômico pontual e um pilar de sustentação para desenvolver o Batman, suas fraquezas e traumas. Sem dúvidas nessa HQ a figura de Alfred é imprescindível e todo momento em que ele aparece em cena trava diálogos ótimos e provoca a curiosidade.

Gordon também tem uma importante participação fazendo a ligação do Batman com o DPGC como já de costume. A relação entre os dois está em alto nível, acompanhada de bons diálogos e pitadas de humor. 

De modo geral existem três pontos positivos que saltam aos olhos e se distingue de muitos outros materiais em geral: Os diálogos, o desenvolvimento investigativo e as cenas de ação.

Cenas de ação essas que realmente tomam muitas páginas e são bem empolgantes, ainda mais tendo em vista o traço de Bryan Hitch. 

Batman é famoso por sua extensa e rica galeria de vilões que fazem em grande medida parte do sucesso do próprio herói. Entretanto, Ellis, em 'O Túmulo do Batman', tenta em certo ponto criar um novo grande vilão, mas acaba por não ter um sucesso integro. 

As motivações do antagonistas são boas, mas a analogia que se tenta criar entre o Batman e o vilão acaba sendo pouco aprofundada, e demandaria mais tempo e quadros para se criar uma real equivalência entre os dois.

Isso acaba por se refletir em seguida ao desfecho da HQ, que acaba não sento tão impactante quando poderia, justamente devido a falta de aprofundamento entre as conexões entre protagonista e antagonista. A ideia do que Ellis quis criar no final da HQ é realmente muito boa, mas a falta de bagagem por parte do vilão torna a execução frágil. 

Porém, em nenhum momento a HQ se torna pedante. Ela é divertida do começo ao fim, e durante todo o trajeto Ellis faz pequenas críticas, muitas vindas de Alfred, inclusive aos próprios métodos de combate ao crime de Bruce. Voltando à destacar o mordomo, base para entender Bruce.  

'O Túmulo do Batman', apesar de entregar um final aquém do esperado, é uma minissérie criativa, empolgante e cheia de nuances belíssimos, ressaltando sobretudo os momentos investigativos e as conversas de Batman e Alfred, construindo quase que uma relação paterna. Uma HQ que vale muito à pena ser lida por qualquer fã do Batman ou até para aqueles com pouco conhecimento sobre o herói, devido a sua qualidade de não depender de amarras cronológicas.  

Warren Ellis explora as capacidades detetivescas do Batman, sem deixar de lado uma boa briga  

Depois de Loki a Marvel realmente abriu todas as possibilidades para explorar sua galeria de personagens. Assumindo para si o Multiverso, What If...?, nova série animada do MCU, se compromete em contar histórias alternativas daquilo que foi apresentados nos cinemas desde 2008. 

Começando com a releitura de 'Capitão América: O Primeiro Vingador', no qual quem toma o soro do super soldado é Peggy Carter e não Steve Rogers. Apesar de ser uma animação, o que obviamente foge dos padrões de até então, o primeiro episódio é bem... divertido. 

As cenas de ação são bem legais, é perceptível toda uma preocupação visual desses embates, além de trazer elementos contrastantes com o universo regular estabelecido pelos cinemas, como por exemplo, Steve Roger com uma armadura do Homem de Ferro e o destino de Bucky. 

Existem também temas sociais sendo discutidos, como a não aceitação do alto comando do exército em relação à uma mulher super soldado, que se alto intitula Capitã Carter. 

É evidente que para aproveitar o conteúdo na integra é necessário ter assistido ao primeiro filme do Capitão, visto que o ritmo com que as coisas se desenrolam é extremamente rápido, partindo do pressuposto que o espectador já conhece tanto os personagens quanto o roteiro. 

No geral, tendo em vista este episódio, é plausível dizer que a Marvel encontrou uma forma interessante de explorar sua infinidade de novos mundos, podendo trazer o melhor dele amanhã ou depois para o live-action.  

Acompanha os avanços do primeiro episódio de 'What If...?'

'O Esquadrão Suicida' já está entre nós nos cinemas e a Misto não poderia deixar de preparar alguns easter eggs e curiosidades do longa. Mas antes de ir às informações, vale se atentar que contém SPOILERS! Dito isso, bora lá!

O vilão Starro é originalmente um inimigo da Liga da Justiça nas HQs, e sua primeira aparição foi em The Brave and the Bold #28 em 1960, que coincide com a formação da equipe de heróis. 

Foi nessa mesma edição que foi atribuído à ele a adjetivação de "O Conquistador". 

A personagem Sol Soria, que faz parte da resistência ao recente golpe de estado em Corto Maltese, é interpretada por ninguém menos que a brasileira Alice Braga, que atuou em filmes nacionais como o emblemático Cidade de Deus.  

James Gunn disse ter se inspirado em 'Alien' para a criação do capacete de Bloodsport, que realmente lembra muito o visual da criatura. Até então nas HQs ele era mais lembrado por usar um pano vermelho na cabeça que também servia de máscara. 

Apesar da morte de Rick Flag no filme isso também ocorre nas HQs, e, após sua morte, quem assume seu posto é seu filho; Rick Flag Jr., que além de liderar o Esquadrão Suicida é coronel da Força Aérea.  

Nas HQs o Pacificador faz parte de uma equipe de heróis ala "The Boys" chamada Pax American, da Terra-4, um pouco mais explorada em Multiverso, escrito por Grant Morrison.

Outra curiosidade do personagem é que ele serviu de inspiração para que Alan Moore criasse o Comediante de Watchmen. 

No filme, segundo Amanda Waller, o Sanguinário está preso por ter atirado em Superman com uma bala de Kryptonita. Essa ideia foi tirada diretamente das HQs, onde isso realmente acontece. 

Essa referência é bem clara principalmente aos amantes das animações da Pixar. A Ratcatcher 2 acaba recebendo o codinome Ratatouille, fazendo uma analogia ao premiado filme da Pixar, em que um cozinheiro desastrado é guiado por um rato para comida num importante restaurante francês.

Alguns vilões do Batman fazem rápidas aparições logo no começo do filme. Dentre eles estão Crazy Quilt, Duplo e Homem Calendário, mais conhecido também por sua aparição na série de game Batman Arkham. 

Num determinado momento do filme John Economos se refere ao Starro utilizando a palavra "Kaiju", fazendo uma pequena menção aos gênero de mostro japonês, iniciado em 1954 com Godzilla.

Apesar do tiro no pescoço, na cena pós-créditos se descobre que milagrosamente o Pacificador está vivo, pavimentando uma série do personagem que deve se conectar com os fatos de "O Esquadrão Suicida", além de trazer mais informações do passado do atirador.  

'O Esquadrão Suicida' está recheado de referências e easter eggs, vamos entender algumas delas

Dez curiosidades e easter eggs de 'O Esquadrão Suicida'

Dirigido por James Guun, 'O Esquadrão Suicida' (2021) é um filme da Warner que busca se desvincular de seu antecessor lançado em 2016. Com elenco e direção renovados, o novo longa traz uma visão da equipe muito mais sarcástica e condizente com a própria proposta, sem deixar de se levar minimamente a sério.  

O ESQUADRÃO SUICIDA | Trailer 2 Legendado

O roteiro é relativamente simples: O Esquadrão está em um ponto 'A' de uma cidade Sul americana chamada Corto Maltese, e precisa chegar ao ponto 'B', onde irão destruir um gigantesco laboratório que abriga um mostro extraterrestre e todos os arquivos relacionados ao mesmo. Existe também, de pano de fundo, uma situação política delicada de um recente golpe de estado, e quem assumi o país é um anti-americano. Por isso a preocupação de Argus e Amanda Waller; líder da Força Tarefa X. 

O que vale de mais importante nesse filme é a capacidade de divertir o espectador ao mesmo tempo que conta bem a história. Todos os personagens são extremamente carismáticos, e as piadas são muito boas; todas elas. O primeiro ato do filme lembra um pouco 'Deadpool' em certo ponto, mas conforme o enredo vai ficando mais recheado existe uma preocupação de inserir um pouco mais de seriedade sem perder o bom humor; humor esse que varia entre piadas mais leves e mais pesadas, mas sempre encaixada de forma inteligente. 

'O Esquadrão Suicida' possui uma singularidade ímpar em conseguir fazer tudo o que propõem de maneira eficiente, engraçada e relativamente emotiva. 

O longa introduz seus personagens de forma brilhante. Arlequina (Margot Robbie) dispensa apresentação, mas outros ainda desconhecidos do público como Bloodsport (Idris Alba), Pacificador (John Cena), Ratcatcher (Daniela Melchior) e o próprio Tubarão, conquistam rapidamente sua simpatia com pouco tempo de tela e uma química interessante e bem sucedida entre eles em diálogos mais emotivos que vão ocorrendo.

O protagonismo está bem distribuído, e apesar da Arlequina ter um maior apelo inicial pelo público, James Guun não concentra todo filme nela, e joga boa parte da responsabilidade do longa em Bloodsport e Ratcatcher, criando uma relação entre os dois quase que de pai e filha.  

James Guun mistura os "estados de espírito" do filme de forma bem diferente e que funciona. No começo temos aquele tom que parece não se levar muito a sério, esse humor é mantido mas, em seguida, surge um peso mais dramático, conforme os personagens se desenvolvem. No terceiro ato do longa existe uma pegada otimista que condiz com a equipe em si (por todos serem meio malucos), mas que não contrasta com o número de morte de inocentes e das circunstâncias como um todo. Isso não é um aspecto negativo, pelo contrário, corresponde muito com o que já vinha sendo apresentado e com a psique do grupo. 

No mesmo ato se encontra também uma espécie de redenção dos personagens, principalmente do Bloodsport, e um ar nostálgico e reconciliador com o passado por parte da Ratcatcher, que possui um tom meio 'Pixar' , e que surpreendentemente funciona.

Harley Quinn, ao final, ganha um ar poético que beira a insanidade perante as circunstâncias, fazendo jus a sua loucura e maneira de ver as coisas; é como se fosse visto a situação à sua maneira.

Um ponto muito positivo é que o roteiro não se preocupa muito em dizer com o que aconteceu com cada um dos personagens depois. Esse é o ar e a ideia da equipe, todos são plenamente descartáveis, e Guun entende isso desde o começo.  

A atuação dos atores é ótima, Bloodsport está excelente e possivelmente até ganhará mais destaque nos quadrinhos de agora em diante. Vale lembrar a participação de Alice Braga no filme, atriz brasileira e que manda muito bem. 

O filme ganha mais pontos por fazer leves críticas principalmente aos Estados Unidos e sua relação geopolítica e coloca um limite moral até mesmo para O Esquadrão Suicida, ou seja, ao final da história, a impressão que fica é que os membros do Esquadrão são os heróis e as políticas e o pensamento protecionista estadunidense é o real vilão.

 'O Esquadrão Suicida' é um dos melhores filmes da DC, guardada as propostas de cada um. Tudo o que ele se propõem a fazer ele faz com maestria, saldando a real ideia da equipe desde lá das HQs. Um longa divertido, frenético, emotivo e com temas atuais e que tem a capacidade de colocar o espectador em reflexão mesmo com sua temática humorística e sarcástica.  

'O Esquadrão Suicida' abre com maestria uma nova perspectiva para os filmes da DC 

"Pulp" é uma Graphic Novel em 80 páginas escrita pelo renomado Ed Brubaker (Capitão América, Gotham) e desenhado por Sean Phillips (Hellblazer). A HQ conta com um Eisner em seu currículo, tendo sido publicada originalmente pela Image Comics, e no Brasil recebendo tratamento de luxo pela Editora Mino. 

Pulp se passa em 1939 nos EUA, sob o contexto delicado da Segunda Guerra Mundial, e se compromete em contar a história de Max Winters, um já senhor que escreve pulps de faroeste, muito populares nos anos 30. Max vive humildemente com sua esposa, mas aos poucos seu passado, as circunstâncias da guerra e os próprios pulps que ele escreve, vão tomando significados que desenvolvem e aprofundam o personagem.

Brubaker é muito feliz em seu poder em sintetizar as informações de forma natural em cada página, juntando os elementos de maneira simples ao mesmo tempo que traz grande profundidade à obra; desde as críticas sociais até a dramatização das personagens. Nesse aspecto, texto verbal e não verbal se conversam de forma à se complementarem, representando a inteligência no planejamento da história.  

Max conquista rapidamente a empatia do leitor devido as suas condições de um alguém já de idade, humilde e trabalhador, mas enquanto o roteiro se desenvolve essa empatia ganha mais força na proporção que seu passado é revelado. 

A HQ possui um tom de suspense e investigação nos seus momentos finais, e consegue apresentar uma reviravolta bem bacana muito bem situada e condizente com todo resto apresentado. 

Brubaker também critica a própria indústria de quadrinhos e todos os problemas relacionados a propriedade intelectual e a exploração das empresas com os escritores, tudo isso de maneira relativamente rápida, mas com muito afinco e impacto, pois elas ressoam no caminhar da narrativa e têm consequências para a história. 

A Graphic Novel mistura wester, investigação criminal, suspense, elementos históricos, e muitos outros recursos fazendo com que elas se conversem muito bem. O que mais se destaca é o fato de que "Pulp" não fica tentando situar o leitor de forma evidente, mas os elementos visuais e pequenas falas do protagonista vão trazendo mais detalhes sobre seu passado e do que efetivamente está acontecendo em sua vida, e, até mesmo, suas motivações mais profundas. 

"Pulp" traz muito do tom 'noir' empregado por exemplo em Gotham, do próprio Ed Brubaker e Batman: Ano Um, de Frank Miller, enfatizando mais ainda os momentos de suspense. 

A paleta de cores também funciona muito bem, utiliza-se no final tons de vermelho e laranja despertando no leitor um sentimento de urgência e agressividade. Tudo dialoga muito bem com o roteiro, cada quadro parece ser bem pensado e realmente se distingue muito do mainstream.  

Infelizmente a edição não traz extras, mas o cuidado é visível principalmente pela gramatura das páginas.

"Pulp" é avassalador do começo ao fim. Brubaker dá uma aula de narrativa e explora muito bem a linguagem da nona arte somadas aos desenhos de encher os olhos de Sean Phillips. Uma história que melhora a cada nova leitura, e carrega consigo um forte teor crítico e dramático. 

Ed Brubaker e Sean Phillips mostram como produzir uma grande história em poucas páginas

Depois de ter sido adiado em 2020 por conta da COVID-19, 'Viúva Negra' finalmente chegou as telonas e ao Disney Plus em 8 de julho deste ano (2021). Dirigido por Cate Shortland e com duração de pouco mais de duas horas, o longa está longe de ser um filme de origem, mas acrescenta e exemplifica as motivações da personagem ao decorrer do MCU.

Viúva Negra | Marvel Studios | Trailer Oficial Legendado

Apesar de ser o primeiro filme solo de Viúva Negra, o longa não vai essencialmente explorar a origem de Natasha, pelo contrário, ele evoca elementos de seu passado para contar uma história que se passa entre os ocorridos de Capitão América: Guerra Civil e Os Vingadores: Guerra Infinita. Partindo, pois, do pressuposto que o público já a conhece, é apresentada sua irmã, Yolanda, unindo com ela forças para derrotar a "Sala Vermelha", que cria e comanda a mente de todas as Viúvas espalhadas pelo globo.

Além de Yolanda é apresentado Alexei (David Harbour), o Guardião Vermelho, e Melina (Rachel Weisz), espiã e cientista russa, que teriam vivido três anos juntos sobre o disfarce de pais de Natasha e Yolanda, para que se infiltrassem secretamente na S.H.I.E.L.D. Dado esse fato, existe então um sentimento de cunho afetivo-familiar entre os quatro, que o filme até tenta desenvolver, mas peca pelos diálogos fracos e que mudam de tom de uma hora para outra.

Felizmente as irmãs conseguem construir uma química pouco melhor, justamente por terem juntas um tempo de tela maior.

Todavia, nas entrelinhas do filme, deixado em pequenas frases e intervenções de Natasha, é resgatado o peso sentimental que os Vingadores tinham sobre ela. Romanoff nunca teve uma família propriamente dita, e os Vingadores, ressaltando a imagem de Clint Burton (Gavião Arqueiro) e Steve Rogers (Capitão América) como cernes, foram o mais próximo de uma família em sua vida adulta. Isso diz muito sobre sua decisão de "trair" Tony Stark em Guerra Civil.    

'Viúva Negra' lança sobre Natasha uma nova perspectiva de seus porquês, e justifica seus passos dados por todos os demais filmes do MCU; essa é a real contribuição deste longa. 

O primeiro ato do filme, com destaque ao que se passa na Guerra Fria, é um dos pontos mais altos, seguido de um segundo ato por vezes cansativo, e finalizando de forma muito frenética e satisfatória, com saídas inteligentes e cenas empolgantes. 

Infelizmente os antagonistas são relativamente fracos. O Treinador, que no primeiro ato do filme chama atenção, acaba perdendo presença, e o real antagonista do filme é clichê e pouquíssimo aprofundado. 

'Viúva Negra' possui cenas de ação de alta adrenalina e isso numa frequência relativamente presente em todo ele. Todas as cenas são muito bem coreografadas e os efeitos visuais são satisfatórios, salvo uma explosão ou outra. 

Nesse sentido Natasha remonta 'Duro de Matar', não em narrativa, mas existe esse excesso de experiências e dores físicas que o protagonista passa, e que faz o espectador vibrar em: "Nossa! Ela é casca grossa mesmo!". E de certa forma esse é um recurso bem utilizado, visto que é impossível ela correr algum real perigo de vida já que sabemos seu destino. 

O longa é muito inteligente também em reaproveitar a mesma estratégia de reviravolta que em Capitão América: O Soldado Invernal, de forma que possui seu brilho próprio dada as circunstâncias. E nisso se encontra o sucesso da obra em ser um bom filme de ação e espionagem, somado ao detalhe de estar no universo Marvel, permitindo algumas extrapolações.

Faltou, ainda assim, um apelo um pouco mais dramático na química dos personagens, sem considerar as piadas que não funcionam, e que ao invés de criar uma empatia entre espectador e a equipe, acaba por tirar a imersão.

'Viúva Negra', visto como um filme isolado do MCU, entrega uma experiência bacana, que entretém, mas que é raso ao desenvolver seus personagens coadjuvantes. Porém, visto sob o semblante do universo Marvel, ele dá sustentação à toda trajetória de Natasha Romanoff, torna seu final em Ultimato uma espécie de redenção, mas ainda assim carece em desenvolver aquilo que apresenta de inédito.   

'Viúva Negra' traz argumentos que decifram a carreira da personagem no MCU

A primeira temporada de 'Loki' veio ao fim depois de seus seis episódios, e com ela várias especulações do que o MCU reserva para o futuro. A série assim como WandaVision e Falcão e o Soldado Invernal, está disponível no Disney Plus, e é dirigida por Kate Herron. Mas apesar de suas grandes revelações e novos importantes conceitos que a Marvel se compromete em desenvolver daqui por diante, a série não está livre de falhas.

Loki | Marvel Studios | Trailer Oficial Dublado | Disney+

'Loki' é, sem menor sombra de dúvidas, a série mais importante para o Universo Marvel até então, pois ela apresenta conceitos como a do multiverso, que pavimentará as futuras estórias dos heróis, e pelo fato de trazer importantes personagens dos Quadrinhos para as telas, como Kang, versões do Loki - como o Kid Loki - e a própria AVT.

Toda a ideia de roteiro é criativa e instaura um mistério que instiga a ânsia de acompanhar os acontecimentos, isso se deve principalmente aos dois primeiros excelentes episódios, mas infelizmente, principalmente no quarto episódio a série perde regularidade e diversas pontas ficam soltas, e em muitos momentos os personagens não condizem sistematicamente com quem são e poderes que possuem. 

Loki, O Deus da Mentira, toda vez que vai mentira para alguém, seja com uso de magia ou não, é extremamente estabanado e pouco convincente. Em momentos de combate, que ele pode se servir de seus poderes mágicos, ele se comporta aquém de suas habilidades, apanhando para guardas de um trem, sendo que no mesmo episódio ele é capaz de manipular matéria. 

Outro furo de roteiro grosseiro é no quinto episódio. Loki é podado e vai parar num limbo onde vão parar todas as coisas podadas pela AVT. Entretanto, milhares e milhares de pessoas já foram mandadas para lá, mas "só" existem versões de Loki no local. E, com a devida vênia, a luta entre Lokis é vergonhosa, e mais parece uma briga de bar de um filme de comédia. 

Deve-se atentar também ao fato de que esse Loki corresponde aquele lá de 2012, com ambições de conquistar o planeta, e não ao que foi desenvolvido depois de anos até se tornar um "herói". Mas a impressão que a série passa, é a de que estamos vendo a versão mais recente, de Vingadores: Guerra Infinita.

Em contraponto existem reflexões sobre ele que são sacadas incríveis. O romance de Loki com Sylvie, sua própria versão feminina, reflete ao narcisismo e orgulho do mesmo, como se ele fosse capaz de amar só a si. Outro ótimo personagem é Mobius, interpretado por Owen Wilson que está muito bem no papel. Aliás, todo elenco se sai muito bem em suas interpretações. 

Falta muita explicação aos elementos presentes na série, como por exemplo: Por que as joias do infinito e magia não funcionam na AVT? Como a AVT foi criada? Como Kang detinha onisciência e como fazia para gerenciar? De fato, elas podem ser explicadas na segunda temporada, já confirmada, e se espera que sejam todas respondidas.

Apesar das muitas ponderações, é inegável que todos os aspectos técnicos de Loki são exemplares. A construção de cenários principalmente, somadas a luz, são um show a parte. 

Todo o conceito estético da AVT e Lamentis -1, a construção visual das cenas do último episódio em que as variações do universo começam a surgir, e a própria abertura resgatando frases importantes e a música tema de Steve Rogers e Peggy Carter, que inclusive pode ter aparecido como Easter Egg, é de tirar o chapéu. 

Vale ressaltar inclusive que Loki tem uma das melhores trilhas sonoras dentro das obras do MCU.    

A cena de luta entre Loki e Sylvie é muito bem desenvolvida, a fotografia em que eles estão frente à frente com o fogo ao fundo, simbolizando a paixão dos dois e ao mesmo tempo o conflito de interesses, demostra a capacidade de se criar camadas mais profundas à história de forma puramente visual. 

A Primeira Temporada de Loki é uma aula em como contar uma história através de recursos técnicos, mas infelizmente peca, não por ter um mal roteiro, mas em como desenvolve-lo tendo em vista as características dos seus personagens e elementos inseridos sem devida explicação e que, por vezes, é ilógica ao todo apresentado. Cabe lembrar que Loki servirá de pilar para conceituar o Multiverso da Marvel, e pode ser a porta de entrada para os X-Men, e nessa perspectiva a emoção de fã quanto as expectativas que a série cria para o futuro das histórias, não pode se sobrepor a uma analise isolada da obra.  

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